Os contos e crónicas recolhidos neste blog foram todos publicados no jornal “Re-nhau-nhau”, trimensário humorístico do Funchal, nos números do seu aniversário, coincidente com a época do Natal. Recolheram-se 36 contos e crónicas publicados no jornal nas edições dos meses de Dezembro dos anos de 1946 a 1977.

Partida para o Funchal em 1946

A ALIMENTAÇÃO RACIONAL

Ao Alfredo Diamantino, o amigo de sempre, no tempo e no espaço,
com desculpas pela irreverência e pela fantasia


Se o leitor é alérgico a palestras, conferências ou quaisquer trabalhos de carácter mais ou menos científico, pode ler à vontade o presente escrito, pois embora pelo título possa parecer que se vai tratar eruditamente de complexa matéria, garanto-lhe de antemão que não passa de modesta prosa na qual se conta uma simples história que – lá isso não o nego – pode dar muito que meditar.

Não é que – modéstia à parte – não fosse capaz de tratar o assunto com maior elevação, nos seus aspectos mais rigorosamente científicos, mas julgo que não é agora a oportunidade para tal, nem as colunas do “Re-nhau-nhau” são o local mais apropriado para a publicação desses estudos, não obstante o “Bichano” ser universalmente reconhecido – e com toda a razão – o mais sério jornal do arquipélago da Madeira.

Com efeito eu tive um Professor, um sábio Mestre, que me ensinou a tratar com maior precisão qualquer assunto, fosse ele de que natureza fosse! Deu-me uma fórmula (uma fórmula quase mágica) com a qual se poderá desenvolver qualquer questão posta, por mais transcendente que seja. Não tenho dúvidas em dar a conhecer essa fórmula aos meus queridíssimos leitores (ia escrever raríssimos leitores).

Dado o tema – o temazinho, como lhe chamava o tal sábio professor – tratava-se logo de dividi-lo, analiticamente, em dez partes. E tinha de ser sempre dez – não podia ser menos! Às vezes a matéria era curta ou era árida, e a coisa podia resolver-se satisfatoriamente em cinco capítulos – mas não! Não podia ser! Tinham de ser dez! E se o estudante não tinha imaginação para arranjar os dez pontos em que o assunto devia ser tratado – o Professor dava uma ajuda: desdobrava, repetia e inventava até se arranjarem os 10 capítulos.

A rapaziada do curso classificava o método como o “sistema decimal” de elaborar trabalhos.

O primeiro capítulo era sempre constituído pelos “Prolegómenos sobre...” e seguia-se o assunto preferentemente designado pelo palavrão mais estranho, mais esquisito, mais (digamos a palavra) científico possível.

O segundo capítulo podia intitular-se “Antecedentes históricos imediatos da questão” e era conveniente repetir o nome da questão, também da forma mais erudita possível, mas aplicando, de preferência, um sinónimo do palavrão utilizado na capítulo I.

O terceiro capítulo poderia chamar-se assim, tal qual: Posição actual do problema...

Etc., etc., etc... até que o último capítulo (o décimo!) era composto pelas “conclusões”.

Mas era frequente depois de tantas explicações não se saber o que concluir – mas não se podia escapar ao décimo capítulo. As conclusõezinhas eram imprescindíveis.

E se o aluno se atrapalhava para as fazer o Professor dava a tal ajuda: repetia, inventava e desdobrava e lá se arrancavam as “conclusões”.

Aquele meu velho Mestre, apesar de muito sabedor, não conhecia no entanto aquela sentença de um grande pensador francês (que devia ser também um grande cínico e que pena eu tenho de não me lembrar do nome dele para aumento da cultura dos meus leitores) que dizia, mais ou menos, que nesta vida, principalmente, nunca se deve concluir....

Seguia-se depois o trabalho de forragear material para desenvolver o sumário do trabalho e o Professor fornecia-nos uma grande lista de livros (que muitas vezes só conhecia de lombada).

Nós consultávamos os calhamaços, folheávamos enciclopédias, glosávamos tudo habilidosamente e a breve trecho estava concluída a monografia. No fim (também é da “receita”) juntávamos uma nota da Bibliografia e quantos mais livros citássemos, melhor, mesmo em relação àqueles que nunca tínhamos visto.

Se o leitor quiser utilizar a fórmula ela aí fica – não lhe custa nada a não ser os vinte e cinco tostões do “Re-nhau-nhau” do Natal. Aqui muito em segredo confidencio-lhe de que há muito menino erudito que quando assediado para botar palestra por ocasião de alguma “semana de qualquer coisa”, rapa da receita e em dois ou três serões prepara as trinta folhas dactilografadas a dois espaços que dão a hora da tabela, de leitura e de tortura para os pacientes ouvintes que por qualquer razão mais ou menos secreta, tiveram de comparecer na sala de conferência.

Mas desculpe o leitor este extenso intróito que foi só para lhe provar que também era capaz de tratar o aliciante tema “alimentação racional” sob outro prisma ou outra luz (a luz perene da ciência, como dizia o Conselheiro Acácio que além de conselheiro é já hoje uma figura nacional e também um lugar comum) e vamos à história que se faz tarde.

* * *

Em certa época da sua vida o meu amigo Diamantino fez as contas e verificou que já tinha comido toneladas de carne, de peixe, de ovos e de outros produtos animais e que, segundo as teorias mais modernas sobre a alimentação devia estar terrivelmente intoxicado. Fisicamente sentia-se bem, não havia dúvida. Era forte, saudável, praticava desportos (era mesmo um magnífico “forward” no rugby) e confessava que lhe sabia bem um riquíssimo bife na frigideira, rodeado com batatas fritas e dois ovos a cavalo. Mas não deixava de reconhecer que já devia ter devorado centenas de cadáveres de carneiros, porcos, bois e vacas e sentia-se envenenado.

Aquela ideia, então, de comer cadáveres horrorizava-o. Enojava-se, sentia náuseas e o enjoo só passava, paradoxalmente, quando sentia à sua frente, à mesa dum Café da Baixa, o dito bife, com ovos, com todos...

Considerou-se então um viciado, um necrófago e as leituras naturalistas para que se sentia inclinado encontraram no seu espírito campo fertilíssimo para germinarem, criarem fortes raízes e frutificarem numa decisão inabalável de tornar-se vegetariano e tentar converter toda a sua roda de amigos às suas teorias.

Estudou a fundo as necessidades alimentares do Homem e a composição dos alimentos vegetais. Aprofundou as investigações sobre vitaminas, calorias, proteínas, gorduras e hidratos de carbono. Elaborou tabelas alimentares, organizou dietas e arranjou apaniguados...

Tomou a iniciativa de realizar passeios de propaganda e, um dia, convidou-me para um deles. Eram passeios ao campo que incluíam longos percursos a pé, a passo de marcha, higienicamente. Compreendiam uma merenda, tomada a hora própria, a meio do passeio, constituída por pão integral, frutas frescas e secas e outros produtos vegetais. Mas tudo com conta, peso e medida, cientificamente calculado quanto a vitaminas, composição química, calorias...

Na véspera do passeio para que fui convidado, assisti à elaboração do menu, em casa dele, na sua ampla cozinha, transformada em laboratório, com baterias de tubos de ensaio, retortas, frascos de Liebig, funis de vidro, filtros e balanças de precisão.

O passeio era a Sintra. Iríamos de comboio até à linda vila e depois seguiríamos a pé até à Pena, descendo em seguida a Colares, passando pelos Capuchos onde visitaríamos o conventinho. De Colares voltaríamos a Sintra no característico carro eléctrico e regressaríamos a Lisboa, de comboio, ao cair da tarde.

O meu amigo Diamantino pediu-me que o ajudasse na confecção das merendas. E na véspera da excursão lá fui, de noite, a casa dele.

Éramos seis os excursionistas e o Diamantino já tinha arranjado meia dúzia de cartuchos onde cada um levaria o seu lanche.

Enquanto executávamos a tarefa de pesagem das rações o Diamantino doutrinou-me sobre vitaminas, composição química dos alimentos e calorias. Da sua clara exposição impressionou-me fortemente, confesso, quando ele ensinou que a caloria alimentar é a quantidade de calor necessária e suficiente para elevar de 15 a 16 graus centígrados um quilograma de água! E fiquei pasmado ao saber que um homem de actividade sedentária (um empregado de escritório, por exemplo) necessita de 2.000 calorias por dia.

E o Diamantino exclamava indignado: - Pois há menino, há brutinho que não faz nada e ingere de cinco a seis mil calorias por dia! Comem por três! Que bestas!

Concordei plenamente com ele e continuámos a preparar as rações calculadas generosamente, na base de 1.500 a 1.600 calorias só para uma refeição, tendo em vista a idade dos componentes do grupo, a mudança de ares e o esforço físico que era necessário despender com a subida à Pena e a marcha de mais cinco ou seis quilómetros, como constava do relatório, sobre esta experiência, cuidadosamente elaborado e que tencionava apresentar à “Sociedade Lusitana de Alimentação Racional”.

Enquanto eu procedia às pesagens com o maior cuidado, o Diamantino conferia o cálculo das calorias, segundo as tabelas cientificamente revistas e experimentadas por ele próprio. Eis a ementa:


60 gramas de avelãs

288
Calorias

60 gramas de nozes

437

40 gramas de amêndoas

267

40 gramas de figos secos

97

40 gramas de passas de uva

87

1 banana de 120 gramas

115

1 fatia de pão integral (40 gramas)

110

1 maçã (80 gramas)

72

1 laranja (100 gramas)

60

100 gramas de uvas

55

Soma

1.588

Calorias


E o Diamantino revia-se no seu estudo. Propositadamente tinha eliminado produtos de origem animal aceitáveis num regime naturalista: nem leite, nem manteiga, nem queijo fresco, nem sequer mel! Era uma nova experiência na qual depositava grandes esperanças. E exclamava entusiasmado: - Apenas 680 gramas de alimentos! Quase 1.600 calorias! E que riqueza de composição! Todas as vitaminas conhecidas, nas quantidades convenientes, gorduras, proteínas, hidratos de carbono!

E exibia-me um mapa colunado, com todos os índices adiante da designação dos alimentos e que eu me dispenso de reproduzir para não dificultar a composição do Jornal.

E estabeleceu o plano de ataque à merenda: quando chegássemos à Pena, aí pelo meio dia, sentávamo-nos à sombra de uma árvore e fazíamos o pic-nic.

- Vão ver como ficam leves, bem dispostos, reconfortados e só lá para as 7 ou 8 horas da tarde é que sentirão vontade de jantar apesar do esforço despendido no passeio...

E depois de tudo preparado fomo-nos deitar, antegozando o Diamantino o sucesso dos seus profundos estudos e experiências sobre a alimentação racional.

* * *

Ao meio dia em ponto, na realidade, lá estávamos sentados à sombra de uma bela árvore de larga copa, com um apetite devorador depois de galgarmos a serra de Sintra até à Pena.

Sacámos do pequeno cartucho que continha os dez pacotinhos com as rações preparadas de véspera e os alimentos, qual fina água em cesta de verga, desapareceram rapidamente goelas abaixo.

Fizemos arranjos e combinações com os vários géneros: figos com avelãs, nozes e amêndoas, pão com banana e laranja, maçã com passas de uvas, etc., etc.

Quando acabámos a refeição, o Diamantino observava-nos atentamente, anotando as nossas reacções, quais cobaias da sua experiência.

Ficámos todos esquisitos, assim, como soe dizer, com boca de galego, um tanto enjoados...

Mas o Diamantino, notando a nossa indisposição, levantou-nos a moral, explicando: - A nossa impressão de insatisfeitos é devida simplesmente à falta de hábito ou melhor, do péssimo hábito de ficarem com o estômago a rebentar com as quantidades descomunais dos alimentos que lhe metem dentro!

Levantámos o acampamento e dirigimo-nos a pé até aos Capuchos. Enquanto marchávamos íamos cantando a plenos pulmões, inspirando o ar puríssimo da serra. Dum alto avistámos a Praia das Maçãs, as Azenhas do Mar e, ao Sul, Cascais, tudo ligado pelo debrum da espuma branca do mar, muito azul e muito calmo naquele dia.

Em baixo ao fundo do vale ficava Colares.

Caminhámos de novo e entrámos no pequeno Convento dos Capuchos. Um guarda solícito contou-nos a história do conventinho, instalado nas reentrâncias e saliências da rocha viva, quais cavernas, aproveitadas o melhor possível, com a construção de humildes telheiros, pobres muros, paredes rochosas cobertas em parte por pranchas de cortiça virgem. As celas eram pequeníssimas, de tecto muito baixo, onde os frades dormiam no chão; havia também uma pequena enfermaria, a sala do capítulo com bancos de rocha à volta, a cozinha e o refeitório. O refeitório! Aqui quisemos escrever o que comiam os frades. O Diamantino sentenciou: - Eram frades menores franciscanos, deviam ser frugais... e numa interrogação para o guarda: - Comiam principalmente verduras, frutas, não?...

Mas o guarda que sabia tudo, também sabia a dieta dos frades. Informou que não, que comiam de tudo. Na cozinha, em tempos até tinham encontrado um espeto para assar carne e constava até que os frades cozinhavam muito bem. Sentimos um subtil aroma de carne assada e olhámo-nos intrigados, mas não havia dúvida, tinha sido uma “ilusão olfáctica” e por um fenómeno de secreção psíquica, cresceu-nos água na boca...

Saímos do conventinho e tomámos a vereda íngreme que nos levava a Colares. Corria uma aragem fresca e fina e surgiu em todos nós o desejo de comer qualquer coisa de substancial. Entreolhámo-nos receosamente e compreendemos que estávamos a começar a ter fome. Guardámos segredo para o Diamantino, pois não queríamos desiludir e muito menos desconsiderar.

Mas um dos do grupo segredou-me “Sei duma casa, logo à entrada de Colares que costuma ter umas sanduíches de carne assada e um vinho branco que são uma maravilha...”.

O boato correu célere e instintivamente estugámos o passo... O Diamantino ia ficando para trás, com paragens constantes para admirar o panorama, e a inspirar profundamente o ar puríssimo, quase que a fazer ginástica respiratória.

Chegámos à vila com certo avanço e logo entrámos na tal casa que, na verdade, tinha uma variedade de carnes frias e quentes, um pão de trigo muito alvo e um vinho branco da região (de Colares!) que era um louvar a Deus! Parece que nem pedimos para nos servirem e a breve trecho estava diante de nós uma montanha de sanduíches de vitela, de carne de porco e de carneiro assados, de presunto – que sei eu?! – e vinho, vinho muito bom, muito fino, muito macio, uma verdadeira seda líquida, com um aroma subtil que mais nos aguçava o apetite. Devorámos as sanduíches e pedimos mais. Que fome tínhamos, santo Deus ! Tínhamos esquecido o Diamantino e as suas teorias sobre alimentação...

Nisto, ele assomou à porta, acompanhado dum rapazito que lhe indicara onde estávamos, quais trânsfugas.

Parámos de comer e fitámo-lo com coragem. Estava pálido de indignação.

Tremiam-lhe os cantos da boca e numa expressão chamou-nos nomes:

- Glutões! Animais! Fracos de espírito! Carnívoros! Estavam alimentados para todo o dia!

Como tivesse acabado o desabafo, um de nós apresentou-lhe desculpa correctamente:

- Perdoa, filho, mas estes ares e aquela comida... não estávamos habituados e sentimos uma fome horrível.

O Diamantino voltou-nos as costas com desprezo e nós continuámos o banquete para mitigar aquela fome que não tinha fim. E como, de novo, se tivessem acabado os mantimentos na mesa, fomos à cozinha por mais pão, por mais carne, por mais vinho!

E ao entrar que vimos nós?

Mas podia lá ser?! Ao fundo, sentado num banco baixo, ao lado duma janela de sacada, o Diamantino, todo engordurado – mãos, cara, casaco – sofregamente devorava uma perna inteira de carneiro assado como se fosse uma simples costeleta!

Olhou-nos envergonhado, com um ar humilde, e justificou-se: - Que querem meninos... a carne é fraca... Somos uns animais de hábitos! E vocês também deram um péssimo exemplo.

E numa última defesa das suas doutrinas:

- Talvez me tivesse enganado no cálculo das calorias!...

* * *

Passaram-se anos. O Diamantino foi para África onde fez carreira e fez fortuna. E há dias recebi um telegrama dele, avisando-me que passava por Lisboa, a caminho de Londres, numa viagem de avião.

Só estaria em Lisboa uma hora.

Fui esperá-lo ao aeroporto. Encontrei-o gordo, luzidio, com um magnífico aspecto e um belo ar optimista.

Quis saber o motivo da sua viagem:

- Homem, para Londres ? A fazer o quê ?

- Pois não sabes? Os jornais de Portugal não falam nisso?

A nossa imprensa, lamentavelmente, não tinha falado nisso...

E o Diamantino esclareceu:

- É que na minha qualidade de Vice-Presidente para o continente africano da “Sociedade Internacional de Gastronomia” vou a Londres comparticipar no “1.º Simpósio Internacional de Gastronomia”.

- Simpósio ? Perguntei, admirado, estranhando o termo.

- Simpósio, sim homem! Nós, os gastrónomos, é que legitimamente podemos usar este termo para designar as nossas reuniões. Temos sido altamente prejudicados com o abuso indevido desta palavra. Os engenheiros anunciam o simpósio sobre a compactação dos solos, os médicos realizam o simpósio sobre a esofagologia, os economistas pretendem fazer o simpósio sobre a circulação das riquezas... mas não são simpósios !

Não se pode fazer um simpósio com a mesma facilidade com que um indiano qualquer faz salyagraha...

E como eu fizesse uma cara de admiração e de grande ignorância, o Diamantino, erudito e profundo como sempre, ensinou-me:

- Simpósio é uma palavra de origem grega (symposion) e queria dizer na antiga Hélada a parte de um banquete durante a qual se bebia, cantava e jogava. O presidente do festim, a que se dava o nome de simposiarca era nomeado por sorteio entre os simposiarias ou convivas! Já vês, pois, que só nós, os gastrónomos, podemos, com propriedade, fazer simpósios. Vou propositadamente a Londres defender uma comunicação, que me levou dois anos a preparar, sobre a cozinha cafreal.

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O avião partia daí a momentos e eu dei-lhe um comovido abraço de despedida. Quando o aparelho levantou voo, disse-lhe adeus efusivamente com o lenço e perdoei-lhe para todo o sempre as agonias e a terrível fome que me fez passar, com a sua alimentação racional, naquele dia do passeio maravilhoso a Sintra, aos Capuchos, a Colares.

E do coração desejei-lhe sinceramente as maiores felicidades para a sua tese e para a sua conferência sobre a cozinha cafreal, com muita malagueta, muita pimenta, muito piri-piri...


Cícero Galvão
Dezembro de 1954


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